Imagem: reprodução " Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar " Zygmunt Bauman  A interação entre homem e máquina ...

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"Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar"
Zygmunt Bauman 

A interação entre homem e máquina vem perdendo a distância. Uma linha tênue que diminui cada vez mais as diferenças de um e outro. No livro Cultura da Interface, escrito pelo "Darwin da tecnologia" e uma das personalidade mais influentes da internet (segundo a Newsweek), Steven Johnson, a interface cibernética interfere diretamente no cotidiano do usuário de uma vida moderna, refletindo suas principais características. Com o conceito de modernidade líquida, apresentado por Zygmunt Bauman, filósofo e sociólogo contemporâneo, percebemos que tempo e espaço deixam de ser concretos para se tornarem efêmeros e, como diz Bauman líquidos: uma "revisão de conceitos" da chamada modernidade sólida como de Orwell, em sua obra 1984. Lúcia Santaella utilizou o termo sociedade ubíqua para se referir à comunicação onipresente (que está em todo lugar, à qualquer hora). Neste cenário encontramos um homem, Theodore, em meio a uma intensa e dominante paixão por seu sistema operacional, Samantha.

Theodore, interpretado pelo célebre Joaquim Fênix, o ator perfeito para o papel e que já demonstrou em outros trabalhos seu alto potencial tocante e dramático de mexer com as pessoas, vive um homem que enfrenta as dificuldades de aceitação do término de seu relacionamento, que parecia perfeito. Anteriormente tão alegre e engraçado e, atualmente, mergulhado em agonia depressiva, Theo é adepto às novidades tecnológicas e encanta-se com a mais recente: um sistema operacional capaz de "conversar" e interagir com o usuário, como se fosse uma pessoa. A questão é que o sistema, de tão semelhante aos humanos, pode "transmitir" sentimentos. Sem contar a sensual voz emprestada por Scarlett Johansson.

Como toda relação comum, a de Theodore e Samantha também passa por crises. E então o telespectador, talvez um tanto incrédulo no início do filme, se encontra diante de todo o drama humano e real envolvido e passa a enxergar em Theodore um pouco de sua própria história: a busca em si mesmo de quem se perdeu entre os sentimentos mais puros e verdadeiros: o amor. E, logo em seguida, a sensação de que este mesmo amor só nasceu por uma consequência, uma falta que necessitava ser preenchida, um fato revelado por culpa das circunstâncias. 

Pelo menos este foi o sentimento que me dominou quando os letreiros na tela anunciaram o final do filme e as luzes acesas da até então sala de cinema nos convidavam a  deixar o recinto. Imediatamente, os conceitos apresentados no primeiro parágrafo, e alguns outros que li por aí, criaram em minha mente um círculo de questões aos fatos mais complexos da vida e que podem jamais serem respondidas: qual a nossa possibilidade em amar? qual o nosso limite para o amor?  

Sem mais. 



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