Imagem: Silvia Navarro Despedidas. Nunca parece ser algo bom. Sempre que possível, não escolha despedidas. Entenda como um &#...

Hora de... seguir em frente

Por | 18:40
Imagem: Silvia Navarro


Despedidas.

Nunca parece ser algo bom.

Sempre que possível, não escolha despedidas. Entenda como um 'até logo'. Ou faça parecer assim. Ele demonstra ser o menos pior possível. Com o 'até logo' você sabe que a pessoa continuará pensando em você. E você, nela. O 'até logo' permite que um esteja na porta de saída, esperando pelo outro, qualquer dia desses, após a aula ou o expediente. Permite, também, que uma ligação seja dada, uma carta, mesmo que virtual, seja enviada. Nesse mundo tão conectado, há os modernos 'orkuts', da vida: Facebook, Twitter, Instagram, Whats App... basta ter a coragem de enviar a mensagem. Pode ser um "tô com saudade", um "você faz falta" ou até mesmo aquele "parabéns pela belíssima derrota do seu time, hahaha". Apenas envie.

***

As nove pessoas já estavam à mesa. Seus olhares tristes denunciavam a despedida que viria pela frente, o "até logo", melhor dizer. As mãos do dizente, trêmulas, tentavam, uma à outra, disfarçar a emoção que ele já encontrava nos semblantes ao seu redor. Tentativa frustrada, pois a caneta, pendente entre o indicador, o polegar e o papel, anunciava com vasta exatidão as lágrimas que logo beirariam seus olhos. E que procurou segurar até o fim.

A voz... ah, a voz! Eis a parte que mais gostaria de ter descrito, no momento. A voz, rouca, sumia conforme as palavras precisavam serem ditas. "Eu vou continuar por aqui", repetia ele, sorrindo, tentando encontrar forças para provar que sempre seria um 'porto seguro' aos seus pupilos. Mas a voz sumia, aos poucos. Com tamanho carisma, o tom alternava de inseguro para triste, de triste para alegre, de alegre para confiante, de confiante para docemente melancólico e então voltava a ficar inseguro, e triste, e alegre, e confiante...

Então não apenas o seu próprio olhar, mas todos os outros mareavam-se diante do discurso do fim. Ou não seria, este, o fim? Se não há despedida, não há final. Ceto? O 'até logo', transformou o fim em recomeço, em segundo passo, em um novo momento de colocar o pé na estrada com a possibilidade de olhar pelo retrovisor, almoçar no pit stop, encontrar atalhos para o retorno, mas seguir em frente, sempre. E não há problema se o vento o acompanhar. Afinal, da mesma forma com que ele pode fazer um cisco cair em seu olho, ele também pode fazer com que esse mesmo cisco saia.

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Siga em frente. Que seguiremos você!


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